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História Escola Senador

Página

História da EMEF Senador Carlos José Botelho


Elaborado por:

Arq.  Leila Cristiane Schaedler CAU/RS A48059-2

Arq. Paula Nader Rodrigues CAU/RS A46219-5

Arq. Vinícius de Tomasi Ribeiro CAU/RS A41292-9


DOURADO: DA FORMAÇÃO AOS DIAS ATUAIS


 Dourado, cidade situada no centro do estado de São Paulo, na região do planalto ocidental paulista, conta com um território de 205,874km² e população estimada, em 2021, de 8.883 pessoas, sendo que mais de 90% delas vivem na zona urbana. A cidade possui um índice de desenvolvimento humano crescente nos últimos vinte anos, atingindo 0,738 em 2010, e um PIB per capita de R$56.946,34 em 2019 segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O município fez parte da Zona Douradense, zona ferroviária da Estrada de Ferro Dourado que atendida, no início do século XX, diversas cidades da região central do estado conhecida como Campos ou Sertões de Araraquara (ZóLIO, 2011).
 A ocupação deste território teve inicio no final do século XVIII a partir do “estabelecimento de caminhos que levavam às minas de ouro de Goiás e Mato Grosso”, do declínio das zonas açucareiras próximas a região, e do processo migratório que surge “do esgotamento das minas de ouro de Minas Gerais e da necessidade de busca de novas pastagens para os rebanhos” (ZÓLIO, 2011, p. 16). Os novos ocupantes iniciaram a criação de gado nas áreas de campos e cerrado e desenvolveram uma lavoura de subsistência. A Lei de Terras de 1850 “criada para controlar a posse das terras devolutas” foi outro fator importante que incentivou a ocupação da região pela ineficiência e demora do governo em demarcar as terras (ZóLIO, 2011, p. 19).
 Nas primeiras décadas do século XIX Europa e Estados Unidos tiveram um aumento no mercado consumidor de café, proporcionando a expansão das lavouras cafeeiras no Brasil até os Campos de Araraquara. Um grande número de fazendas para o cultivo de café surgiram na região em pouco tempo, levando a um incremento significativo na densidade demográfica, uma vez que demandava-se uma quantidade maior de mão-de-obra. Com isso são criadas inúmeras novas cidades que passam a exigir estruturas físicas e institucionais aptas a atender suas demandas, das quais está a rede ferroviária1 capaz de fazer a interligação entre elas, e também com as regiões portuárias para exportação de café. O desenvolvimento destas cidades e seu período de maior esplendor cultural e econômico estão atrelados ao binômio café-ferrovia (ZóLIO, 2011).

 A cidade de Dourado surge no contexto acima explanado com a instalação de mineiros vindos do Vale do Rio das Mortes, às margens do Córrego Bebedouro, por volta de 1830, dando origem ao bairro rural homonimo. Alguns anos mais tarde, em 1860, o capitão José Modesto de Abreu doou terras a igreja para a construção da capela em homenagem a São João Batista na Serra do Dourado, dando origem ao bairro rural São João Batista dos Dourados. Pela prosperidade do mesmo em 1876 essa capela recebeu um capelão curado capaz de oficiar os sacramentos católicos, dado certo prestígio a área. A Capela foi construida sobre a unica rua aberta na localidade, Rua Bernardino de Campos, cujo traçado se dava paralelo ao Ribeirão dos Dourados, na porção baixa do território ocupado. Salienta-se a importância da chegada do capelão como um reconhecimento do Império a aglomeração urbana que estava em formação, pois, somente assim ela poderia ser elevada à categoria de freguesia, o que aconteceu em 1891 quando passou a se chamar Dourado (ZóLIO, 2011) .
 A capela inicial foi substituida por uma Igreja Matriz construída duas quadras acima da antiga, em um terreno maior e mais elevado. A partir dela e da Praça que se formou ao seu redor, o arruamento da cidade foi feito, em uma ocupação territorial organizada em malha ortogonal de 80x80 metros, “com ocupação das quatro faces da quadra a partir de lotes de 11 metros de frente, com variantes de 14,6 metros” (ZÓLIO, 2011, p.49). A ocupação dos lotes se deu em implantações alinhadas frontalmente junto ao passeio e afastadas em pelo menos uma das laterais, de modo que as edificações uniam-se duas as duas, aos modos tradicionais da arquitetura eclética que despontava na segunda metade do século XIX.
 As edificações comerciais costumavam ser de uso misto ficando aos fundos a parte residencial, com acesso pelo afastamento em uma das laterais do lote, o que também possibilitava a entrada de uma carroça, ou, hoje, de um carro. Observa-se nas edificações remanescentes uma arquitetura simples e austera, com elementos decorativos como platibandas com frisos, pilastras, molduras nos vãos, portões laterais de ferro, característicos do ecletismo. Neste período, na arquitetura brasileira coexistiam técnicas e programas do passado colonial, com estilos importados da Europa que demonstravam o desejo de modernização e construção de uma nova nação (PEREIRA, 2005).
O assentamento urbano, que foi elevado à categoria de cidade em 1897, se constituiu e se mantém predominantemente horizontal, com edificações de um pavimento no máximo dois, especialmente para os edifícios públicos. Estes também foram construídos soltos nos lotes, de modo a serem objetos perceptíveis monumentais em relação ao entorno e contempláveis. Os principais equipamentos foram inicialmente dispostos ao redor da Praça da Igreja Matriz assim como as casas de comércio que atendem a população (ZóLIO, 2011).


Figura 01: Vista da Rua Dr. Marques Ferreira em dia de festa. Pode-se observar as edificações dispostas sobre o alinhamento frontal, com um pavimento e a existência de elementos decorativos (sem data). Fonte: Blog Dourado sempre Dourado


 “Em 1900 foi inaugurada a Companhia Estrada de Ferro Dourado (Douradense) com sede na cidade, ligando uma série de novos municípios paulistas e seus distritos à linha da Cia. Paulista” (ZÓLIO, 2011, p.85). Nesse período cerca de 60% do território da região era ocupado pelas lavouras de café que precisavam escoar a produção para os grandes centros e portos. O grande desenvolvimento da cultura do café juntamente a chegada da ferrovia e dos imigrantes, especialmente italianos, espanhois e sírios, trouxeram para a cidade e região um grande “incremento em todos os sentidos”:

A estação foi construída na parte mais alta da cidade, no limite do perímetro urbano, ocupando uma grande área com suas oficinas e depósitos. Sua implantação atraiu para as proximidades um comercio de insumos agrícolas e empresas que alugavam maquinas de beneficiamento do café para os pequenos produtores, além de fabrica de sacaria utilizada para o transporte dos grãos (ZóLIO, 2011, p.86)

 A estrutura de galpões construída para dar suporte a ferrovia, quando não utilizada para esses fins era ocupada para bailes, festas e eventos socio-culturais, ainda assim a praça da estação nunca se tornou o ponto de encontro, permanencia ou comércio dos municipes, visto a falta de tratamento e infraestrutura de seu espaço. A Rua do Comércio, atual Rua Dr. Marques Ferreira, junto a Praça da Matriz da e do edifício do Grupo Escolar de Dourado, atual Escola Estadual de Primeiro Grau Senador Carlos José Botelho, concentra ainda hoje os principais pontos de comércio e serviço da cidade que foram amplamente explorados pelos imigrantes sírios (ZóLIO, 2011) .


Figura 02: Vista geral da cidade de Dourado em 1939 com a indicação dos nomes atuais das ruas Fonte: Coleção de Aerofotos Obliquas de 1939. Fonte Instituto Geográfico e Cartográfico do Estado de São Paulo apud ZóLIO, 2011, p.86


 Até final da década de 1930 Dourado ainda vivia hegemonicamente do café, porém, as diversas crises mundiais afetaram as exportações do produto, assim como as importações de insumos e materiais necessários ao desenvolvimento das linhas férreas. Os fazendeiros foram mesclando suas lavouras com outras culturas, especialmente com algodão, produto que fazia uso das mesmas estruturas de manufatura já estabelecidas mas, em contrapartida, oferecia lucros muito menores. Com o tempo foram introduzidas também as culturas de cana-de-açúcar e laranja que se mantém até hoje. Em relação as ferrovias, a linha ferroviaria Douradentes foi entregue a Cia Paulista em 1949, que desativou o ramal que passava pela cidade, e, aproximadamente 300 ferroviários e suas familias foram transferidos para outras cidades (ZóLIO, 2011) .
 O fechamento do ramal ferroviário, a saída de um significativo numero de familias, somado a dificuldade de deslocamento entre Dourado e as cidades circunvizinhas e a substituição do café por outros produtos menos lucrativos impactaram fortemente o desenvolvimento da cidade. Entre as decadas de 1920 e 1930 habitavam em Dourado cerca de 18000 pessoas, numero que encontra-se reduzido em cerca de 50% atualmente. Economicamente agricultura, pecuária, avicultura e comércio são as fontes de renda que mantém a cidade e sua característica de “pequena cidade do interior” com ares de “ambiente caseiro”, que se adaptou ao processo de estagnação cutural, economica e social desde finais da década de 1960 (Prefeitura Municipal de Dourado).


GRUPO ESCOLAR DOURADO


 O Grupo Escolar de Dourado foi a primeira escola da cidade, construído em 1909 para atender o projeto da Primeira República, que propunha mudanças significativas na “organização educacional e nas práticas de ensino” (ALVEZ; SOUZA, 2021, p.33). O terreno para implantação foi doado pelo município em frente à Praça da Matriz, teve projeto de Manuel Sabater e foi tombado pelo CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo em 21 de julho de 2010 (Diário Oficial de 11 nov.2010).


CONTEXTO GERAL


 Entre os anos de 1890 e 1920, motivado pelos ideias republicanos, pelo progresso da produção cafeeira e pelas estradas de ferro, o Governo do Estado de São Paulo construiu cerca de 123 escolas públicas espalhadas em seu território. O novo modelo de escola, popular e gratuita, denominado grupo escolar, simbolizava a “modernidade e racionalidade, comprometido com o ideário do progresso, civilidade e patriotismo do novo regime” (ALVEZ; SOUZA, 2021, p.34), que buscava acabar com o elevado índice de analfabetismo da população assim como formar integralmente o cidadão (BADUY; RIBEIRO, 2020).
“[...] Os grupos escolares consistiram em escolas modelares onde era ministrado o ensino primário completo com um programa de ensino enriquecido e enciclopédico utilizando os mais modernos métodos e processos pedagógicos existentes na época” (SOUZA, 1998, p. 16). Essa mudança acarretou na necessidade de formação de um novo profissional, o professor, com domínio nos métodos de ensino e modelos educacionais estabelecidos pelo Estado. O ensino passou a ser dividido em séries por faixa etária e gênero dos alunos, com horários definidos para as diferentes materias, rompendo com o ensino desuniforme do período do Império (BADUY; RIBEIRO, 2020).

Em termos arquitetônicos, um programa de necessidades era estabelecido assim como uma distribuição espacial em planta baixa, de modo que o projeto pudesse ser repetido e/ou adaptado as diferentes necessidades de tamanho e condicionantes físicos, como topografia das cidades. Formalmente, cada projetista dispunha de liberdade para a composição das fachadas como forma de dar identidade a edificação, fazendo uso dos elementos decorativos do ecletismo vigente na época. Em termos de programa estavam salas de aula para meninas e meninos, salas dos professores, e do diretor, sanitários e galpão para ginástica em área externa. Em termos de implantação, um porão alto com possibilidade de ventilação natural era usado como forma de adaptação aos diferentes terrenos, e a planta simétrica garantia clareza da organização espacial e na separação dos alunos por gênero (VICENTE; FATTORE, 2010).


ARQUITETURA, HISTóRIA E SIMBOLISMO: A ESCOLA EM DOURADO


 A Escola Municipal Senador Carlos José Botelho está implantada em terreno com frente para a Rua José Modesto de Abreu e entre as ruas Demétrio Calfat a noroeste, e Dr. Marques Ferreira, antiga rua do Comércio, a sudeste (figura 03). O projeto data de 1908 e tem autoria de “Manuel Sabater para a antiga Superintendência de Obras Públicas, repetindo um partido já adotado em outros grupos escolares da época” (ZOLIO, 2 011, p.87). O nome da escola foi substituído em homenagem ao Senador Carlos José Botelho proprietário de terras na cidade e que, no período de instalação da escola, ocupava a pasta da Secretaria da Agricultura de São Paulo, sendo atribuída a ele a iniciativa de construção do Grupo Escolar na cidade (ZOLIO, 2011 ).


Figura 03: Imagem do Grupo Escolar Dourado – sem data.
Observa-se que ainda não havia o arruamento que separa o lote da Escola da Praça da Matriz (sem data). Fonte: Blog Dourado Cidade online


Figura 04: Projeto da Fachada do Grupo Escolar de Dourado (1908) de autoria da Manuel Sabater, apresentado à antiga Superintendência de Obras Públicas. Observa-se a presença do mastro da bandeira ao centro da edificação, assim como guarda-corpo metálico nos alpendres de acesso. Fonte: 1890-1920 Arquitetura Escolar Paulista, 1991 apud ZóLIO, 2011, p.87


 O edifício é um exemplar do ecletismo com características da arquitetura clássica, utilizadas especialmente em edifícios de caráter público institucional (figura 04). O projeto foi elaborado em um partido simétrico, implantado no centro do lote, afastado frontalmente, composto por oito salas de aula, separadas em dois grupos de quatro, em alas diferentes. Entre elas, ao centro, foi disposta a sala dos professores, na época, o único espaço de caráter administrativo. Este pavimento, aqui chamado pavimento superior, foi implantado acima do nível da rua usando da estratégia de porão alto estabelecida pra essa tipologia arquitetônica. Dessa forma, o acesso se dá por duas escadas, localizadas em extremidades opostas da fachada principal, cada qual conectando uma das alas – meninos e meninas, de modo que o contato entre os alunos se dava somente pela sala dos professores ou pelo hall da escada que levava ao pavimento mais baixo, térreo, e ao pátio aos fundos do lote.
 Em termos compositivos (figura 05), a volumetria do prédio utiliza-se do princípio clássico de composição tripartida com base, corpo e coroamento bem marcados, em um conjunto de elementos que se dispões com equilíbrio e racionalidade. No embasamento pode-se ver o porão alto ao longo de toda fachada, com aberturas retangulares e vergas em arco abatido emolduradas por tijolos salientes, guarnecidas de gradil ornamentado. Este pavimento é marcado por argamassa de cimento e areia que imitava cantaria, muito utilizado em edifícios dessa época.


Figura 05: Elementos de composição da fachada principal. Edição dos autores

 

 A transição entre base e corpo é marcada por friso horizontal que percorre todo o perímetro do prédio e, entre a parede e o friso, em ângulo, foram assentadas lajotas cerâmicas. O corpo, de um pavimento organiza-se em quatro módulos de mesmo tamanho, em conformidade ao módulo das salas de aula que organizam o espaço interno (figura 06), dispostos da seguinte forma: ao centro dois módulos foram unificados formando o corpo central, marcado por pilastras lisas nas extremidades. Em cada um dos lados deste corpo foi colocado outro módulo que avança em relação ao corpo central. Os módulos laterais também estão emoldurados por pilastras lisas e são hierarquizados pelos elementos de coroamento. Cada módulo é composto por duas janelas de peitoril, com verga reta mais elevada e cantos arredondados, dispostas lado a lado, com duas folhas de abrir, em madeira, envidraçadas, e com bandeira fixa tipo vitral sendo o vidro central colorido. Sobre elas, ao centro, encontra-se um adorno geométrico, em alto relevo que reforça o ritmo da composição. Nas extremidades do volume, dois módulos menores recuados em relação ao plano da fachada, marcam os acessos, com escadas e alpendre para proteger as entradas que se dão em portas de madeira com almofadas, com duas folhas de abrir e bandeira fixa envidraçada.


Figura 06: Módulos de composição da fachada principal. Edição dos autores


 Novamente frisos horizontais acompanham o perímetro da edificação separando o corpo do coroamento, que é feito por platibanda ornamentada com elementos geométricos em alto relevo. No corpo central a platibanda é interrompida por três elementos decorativos maiores, destacando-se o elemento central que marca a simetria do conjunto. Sobre os módulos que avançam o corpo do edifício, a platibanda transforma-se em frontão em arco vazado que diferencia e hierarquiza a posição dos acessos principais logo ao lado. A cobertura, com estrutura de madeira era, originalmente, coberta por telhas francesas, hoje possui telhas de barro tipo capa e canal. A implantação centralizada proporcionou espaço para um jardim na frente e laterais do edifício. O paisagismo configurou-se também em uma linguagem simétrica que reforça o caráter institucional e monumental da edificação.


Figura 07: Anexos posteriores a implantação original. Edição dos autores


 Ao longo dos anos inúmeras intervenções foram feitas para adaptação da edificação às novas demandas do seu programa. O pavimento térreo foi ocupado com salas de aula e área administrativa, aos fundos um anexo foi construído com conjunto de sanitários e salas para informática e biblioteca, e uma quadra aberta mas coberta foi colocada na lateral do lote (figura 07). O conjunto já passou por um processo de restauro em 2005 que, além de oportunizar a manutenção deste exemplar, fez adaptações as normativas contemporâneas de segurança e acessibilidade. Salienta-se que o edifício ainda é um exemplar arquitetônico bastante representativo, de importância estética, histórica e simbólica para a cidade e seus habitantes e precisa ter suas características preservadas.


SOBRE O ECLETISMO


 Construído no início do século XX o prédio da Escola Municipal Senador Carlos José Botelho representou a força e o progresso que a cidade estava passando nas primeiras décadas do século XX, através de elementos trazidos da linguagem arquitetônica eclética. Para tanto, traz-se nas linhas subsequentes uma breve explanação sobre este período e suas características a fim de compreender a importância do objeto de estudo num contexto mais amplo.
 “Eclético é aquilo que é formado por elementos escolhidos em diferentes sistemas” (PEDONE, 2002, p.8) Mais do que um estilo, o Ecletismo caracteriza-se por um "procedimento de composição sintético e inclusivo, que se apropria dos vários estilos e elementos identificados pela história da arte e da arquitetura como referências para projetos ‘originais’ afinados com o gosto de quem os adquire." (ROZESTRATEN, 2009) Dito de outra forma, o Ecletismo buscou não romper com a história, mas criar uma nova linguagem arquitetônica que permitisse a liberdade compositiva através do uso das diversas interpretações do vocabulário formal dos estilos anteriores, bem como, expressasse seu tempo e assimilasse as inovações tecnológicas da época. (PEDONE, 2002)
 No Brasil, desenvolveu-se a partir do final do século XIX até as primeiras décadas do século XX, período em que o país transformava-se de Brasil Império para Brasil Republica, despojava-se do seu passado português e buscava referencias em outras culturas europeias. Um tempo caracterizado pelo fim da mão de obra escrava, ascensão da imigração, desenvolvimento da indústria e das cidades e pelo surgimento de novos temas edílicos, de modo que, a construção de edificações Ecléticas identificava uma sociedade que valorizava o progresso. Surgiu dentro do academicismo e foi propagada principalmente pela Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, cidade que impulsionou o desenvolvimento do Ecletismo no pais, a partir das grandes obras de remodelação feitas na cidade pelo prefeito Pereira  Passos, inspirado nas reformas empreendidas por Haussmann em Paris. (SUTIL, 1996).
Entre suas características podemos destacar volumetria prismática tripartida em base, corpo e coroamento com tendência a simetria e a horizontalidade no tratamento de fachadas, bem como uso ritmado de colunas ou pilastras com capitéis clássicos, e elementos de ornamentação que, muitas vezes, comunicavam a função primordial da edificação. O coroamento era feito por platibanda reta, ornada e uso de frontões para hierarquizar acessos ou marcar o eixo de simetria. Para Rozestraten (2009), é "uma arquitetura que supervaloriza as superfícies com intenções narrativas e decorativas – especialmente as fachadas voltadas para as vias públicas –, assim como supervaloriza o espaço privado no interior das edificações, em detrimento do espaço externo, possivelmente público".


Legenda:

¹ “A Estrada de Ferro do Dourado foi uma ferrovia de terceira categoria, inaugurada em 1900, encampada pela Companhia Paulista em 1949 e desativada em 1969. A expansão de suas linhas deu-se no contexto de expansão da agricultura paulista em direção às novas áreas e também diante da recusa da Companhia Paulista em prosseguir além de Ribeirão Bonito” (ZÓLIO, 2011, p.28).


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Suzele Sany Lacerda; SOUZA, Sauloéber Tarsio de. A Escola da República: implantação e expansão dos grupos escolares no Brasil (da Primeira República à Ditadura civil-militar). Cadernos da Fucamp, v.20, n.43, p.33-50, 2021.

BADUY, Marina; RIBEIRO, Betânica de Oliveira Laterza. Origens do Grupo Escolar e a Modernização (educacional) no Brasil. Intercursos, Ituiutaba, v.19, n.1, Jan-Jun. 2020.
Blog Dourado Cidade Online. Disponível em:
<https://douradocidadeonline.blogspot.com/2009/05/>, acesso dia 18 abr.2022
Blog Dourado sempre Dourado. Disponível em: < http://douradosempredourado.blogspot.com/>, 18 abr.2022

IBGE. Cidades e Estados. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/cidades-e- estados/sp/dourado.html>, acesso em: 13 abr.2022.

PEDONE, Jaqueline Viel Caberlon. O espírito eclético. 250p. Dissertação (Mestrado em Arquiteura), Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2002.
PEREIRA, Sonia Gomes. A historiografia da arquitetura brasileira no século XIX e os conceitos de estilo e tipologia. Estudos Ibero-Americanos. PUCRS, v XXXI, n.2, p.143-154, dezembro 2005.

PREFEITURA MUNICIPAL DE DOURADO. Disponível em
<https://www.dourado.sp.gov.br/> acesso em 13 abr 2022.

ROZESTRATEN, Artur. Ultraecletismo? Arquitextos, São Paulo, ano 10, n. 114.07, Vitruvius, nov. 2009. Disponível em:
<https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/10.114/16> acesso em 07/12/2020.

SÃO PAULO. Resolução SC – 60, de 21 de julho de 2010. Diário Oficial do Estado de São Paulo – DOE , São Paulo, SP, ano 120 (213) de 11 novembro 2010. Seção I, p. 112-114.
SOUZA, Rosa Fátima de. Templos de Civilização: a implantação da escola primária graduada no estado de São Paulo (1890-1910). São Paulo: Editora Unesp, 1998.

SUTIL, Marcelo Saldanha. O Espelho e a Miragem: Ecletismo, Moradia e Modernidade na Curitiba do Início do Século.170p. Dissertação (Mestrado em História), Programa de Pós-Graduação do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 1996.

VICENTE, Natália Simões de; FATTORE, Ricardo. Escola Coronel Pinto Ferraz. Cem Anos de História. Volume 1. Editora Surprema. São Carlos, São Paulo. 2010.

ZóLIO, Julciléa Cristina. Lugares Esquecidos – A preservação do patrimônio no interior paulista: investigação sobre as cidades de Dourado e Nova Europa. 220p.
Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo), Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2011.


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